Reflexões e debates
- Joaquim Barbosa
- May 17, 2019
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“A escrita implicada (jornais, autobiografia, correspondências, monografias) é, portanto, um recurso para trabalhar a congruência. Estas técnicas de escrita reflexiva são sempre uma ferramenta de auto-avaliação do pesquisador. O critério que funciona nessas práticas, é a questão da congruência. Os autores de belos textos, totalmente distanciados com relação ao que eles são ou fazem, não utilizam este tipo de controle. A escrita implicada capta, no dia-a-dia, as percepções, as experiências vividas, os diálogos, mas também as sobras do concebido que emergem. Com um certo distanciamento, a releitura dessas escritas é um modo de reflexividade cujo critério é sempre a questão da congruência.
O diário é uma ferramenta eficaz para quem quer compreender sua prática, refletir, organizar, mudar e torná-la coerente com suas ideias. O objetivo do diário é de guardar uma memória, para si mesmo ou para os outros, de um pensamento que se forma ao cotidiano na sucessão das observações e das reflexões.
O jornal é construído no dia-a-dia. Podemos escrever à noite o que se passou durante o dia ou no dia seguinte o que se passou na véspera. Mas de modo geral, contrariamente à história de vida ou aos memoriais, essa forma de escrita pessoal é restrita ao presente. Mesmo com uma pequena defasagem, escrevemos sempre no momento, onde vivemos ou onde pensamos. Não se trata de uma escrita feita após o impacto dos acontecimentos, mas estando ainda sob o efeito de tal impacto. Aceitamos, portanto, a espontaneidade, eventualmente a força dos sentimentos, a parcialidade de um julgamento, em resumo, a falta de distanciamento”.
Remi Hess e Gabriele Weigand
2006
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